Procurando bem Todo mundo tem pereba Marca de bexiga ou vacina E tem piriri Tem lombriga, tem ameba Só a bailarina que não tem E não tem coceira Verruga nem frieira Nem falta de maneira ela não tem Futucando bem Todo mundo tem piolho Ou tem cheiro de creolina Todo mundo tem Um irmão meio zarolho Só a bailarina que não tem Nem unha encardida Nem dente com comida Nem casca de ferida ela não tem Não livra ninguém Todo mundo tem remela Quando acorda as seis da matina Teve escarlatina Ou tem febre amarela Só a bailarina que não tem Medo de subir, gente Medo de cair, gente Medo de vertigem quem não tem? Confessando bem Todo mundo faz pecado Logo assim que a missa termina Todo mundo tem Um primeiro namorado Só a bailarina que não tem Sujo atrás da orelha Bigode de groselha Calcinha um pouco velha ela não tem O padre também Pode até ficar vermelho Se o vento levanta a batina Reparando bem Todo mundo tem pentelho Só a bailarina que não tem Sala sem mobília Goteira na vasilha Problema na família quem não tem? Procurando bem Todo mundo tem

domingo, 28 de agosto de 2011

Por que ser uma bailarina ?


Qual menina nunca sonhou em ser bailarina?
Entre laços, fitas, tutus (aquelas sainhas arrebitadas de tule), sapatilhas cor-de-rosa e maquiagem... o mundo fantástico dos contos de fada, do sobre-humano sustentado nas pontas dos pés.
Contrastando com essa imagem encantadora que temos do ballet, seu processo de ensino técnico e disciplinar é rígido pois busca o aprimoramento técnico através da repetição. Essa parte ninguém conta né?! Todo mundo acha que é só colocar a sapatilha de ponta e sair bailando... antes disso, muito treinamento, ensaios e técnica!
A Bailarina é a imagem de delicadeza e feminilidade mais forte e universalizada da Dança, visto ter sido disseminada na maioria das culturas ocidentais. Sua prática (com variáveis metodologias) é reconhecida nos mais diversos ambientes formativos. No Brasil, a maior parte dos currículos escolares da Educação Infantil (principalmente em escolas particulares) tende a incluir artes criativas como música, teatro e dança (e dentre as técnicas de dança, o ballet sempre teve lugar cativo entre as crianças).
Uma aula de “Baby class” (nome dado às aulas de iniciação para crianças) prima pela formação nos fundamentos que regem a técnica, de tal forma que quem pretender continuar seus estudos em dança possa ter as noções básicas, desta técnica tão antiga que é o ballet clássico.
São elas: o conhecimento do esquema corporal através da postura e alinhamento articular, o estímulo ao desenvolvimento psicomotor, o treino de flexibilidade, agilidade e ritmo, a origem e história do gestual e do vocabulário próprio da técnica, disciplina da mente e do corpo, apreciação musical, sociabilidade, autoconfiança, sensibilidade estética. Tais pressupostos fomentam a expressividade e criatividade dos indivíduos, e faz reverberar os limites da sala de aula e dos palcos em outros aspectos da vida do praticante.
A dimensão da sala de aula muitas vezes não vai ao encontro da magia dos palcos e por muitas vezes, neste processo de distanciamento a criança perde o prazer de aprender ballet. Acredito que o aprendizado verdadeiro deve manifestar-se através do desejo. Não havendo desejo, não há sentido na aprendizagem. O desejo por aprender se manterá vibrante quando estimulada a potencialidade da criança, através da criação de um espaço lúdico, descontraído e divertido em sala de aula e, que respeite também, a disciplina da técnica em questão.
Qual é a hora de começar? Por volta dos 4 a 6 anos, pois é um período de maturação do corpo da criança, que a coloca em disponibilidade motora para o aprendizado (pois aprender a técnica do ballet é efetivar um processo de alfabetização corporal), mas acima de tudo, quando e se a criança quiser, pois estimular não quer dizer obrigar. Cada um tem seu tempo que, se for desrespeitado pode pôr a perder um talento ou um admirador da dança. “Ballet é coisa de menina e artes marciais é coisa de menino”. Essa é uma freqüente frase repetida à exaustão nos meios sociais, o que não se diz é que, inúmeras também são as vezes que nos deparamos com meninos desejosos por aulas de ballet e meninas por “lutinhas”. Esses questionamentos esbarram principalmente em machismos e “achismos” culturais que mereceriam uma outra reflexão, em momento oportuno.
O que importa é que a prática da Dança (independente da técnica) faz parte da formação integral do indivíduo. Se quisermos cidadãos criativos e saudáveis no futuro, devemos incentivar a dança desde cedo.
Camilla Rodrigues Bailarina, Arte-educadora, Diretora da Cia.Corppoema. Especialista em Dança e Consciência Corporal pela FMU-SP e Licenciada em Dança pela Faculdade Paulista de Artes. millaballerina@gmail.com Revisão: Monahyr Campos Publicação: Revista São Paulo em Foco ; ANO 2 – EDIÇÃO 15

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